A pandemia de COVID-19 nos mostrou, de forma inequívoca, que a comunicação é muito mais do que transmitir informações: ela salva vidas, protege reputações e mobiliza sociedades. Durante essa crise, ficou evidente que organizações que se comunicavam de forma clara, rápida e transparente conseguiam não apenas mitigar impactos, mas também gerar confiança e engajamento. Ao longo da minha trajetória, desde ações emergenciais durante as enchentes no Rio Grande do Sul até a crise humanitária Yanomami, percebi que cada experiência foi acrescentando solidez, tornando cada decisão e estratégia de comunicação mais assertiva e eficiente.
Na CUFA, vivenciei esses desafios de forma intensa. Nossa missão de atender comunidades vulneráveis exigia decisões rápidas e comunicação precisa. A disseminação de informações confiáveis sobre protocolos de saúde, distribuição de alimentos, kits de higiene e apoio psicossocial foi crucial para que as ações tivessem impacto real. Mas não bastava apenas agir; era preciso comunicar cada passo de maneira transparente, alinhando equipes internas, parceiros e imprensa para garantir que as mensagens chegassem corretamente a cada público.
Além disso, a comunicação teve papel central na mobilização de recursos e prestação de contas à sociedade. Explicar de forma clara como os recursos eram aplicados, quais resultados estavam sendo alcançados e quais necessidades ainda precisavam ser atendidas fortaleceu a confiança de doadores, parceiros e da população. Essa transparência não apenas garantiu a continuidade e a ampliação das ações, mas também reforçou a reputação da instituição como confiável e responsável.
Um dos aprendizados mais importantes foi que a comunicação de crise não se resume a reagir: ela precisa ser estratégica e proativa. Antecipar possíveis dúvidas, preparar respostas consistentes e manter um fluxo contínuo de informações foram atitudes que reduziram os riscos de boatos e reforçaram a credibilidade da instituição. Além disso, ficou claro que a gestão reputacional é inseparável da gestão de crise. Cada palavra e cada ação impactavam diretamente a confiança da sociedade, de parceiros e de patrocinadores, mostrando que proteger vidas e reputação caminham lado a lado.
Outro ponto crítico foi a humanização da comunicação. Em meio à pandemia e a outras crises emergenciais, números e estatísticas por si só não sensibilizam. Histórias reais, relatos de beneficiários e exemplos de superação tiveram papel central para engajar comunidades, inspirar colaboradores e parceiros. Essa abordagem contribuiu para fortalecer vínculos, gerar empatia e mostrar que cada ação tinha um impacto tangível na vida das pessoas.
Por fim, a experiência reforçou que a comunicação é uma ferramenta estratégica de liderança em momentos de crise. Ela exige planejamento, clareza, transparência e sensibilidade, sempre com foco em proteger vidas, fortalecer reputações, mobilizar recursos e prestar contas à sociedade. Cada crise enfrentada contribuiu para que minha visão se tornasse mais ampla, permitindo transformar desafios complexos em oportunidades de impacto social real e duradouro.