Psica: como um festival da periferia gera quase 3 mil empregos em Belém

Lançado em 2012 por seis amigos que queriam democratizar o acesso cultural em Belém, o Festival Psica se transformou em algo maior que música. Hoje, o evento movimenta 800 empregos diretos, cerca de 2 mil indiretos e injeta milhões na economia local — um modelo que prova como cultura periférica pode ser, também, negócio sustentável.
Economia criativa que escala

A cada edição, o Psica demonstra o potencial econômico da cultura amazônica. Mais que palcos e shows, o festival funciona como catalisador de micronegócios locais, conectando empreendedores periféricos ao mercado formal.

“A gente tem um feedback de donos de restaurantes e bares que dizem que são mais frequentados durante o festival. Mas não é só isso: as pessoas daqui também procuram outros serviços, como trancistas e marcas autorais. Ou seja, o festival injeta um dinheiro na cidade que antes não estava aqui”, explica Jeft Dias, diretor do festival.

Edição 2025: ampliação do modelo

Com o tema “O Retorno da Dourada”, a edição de dezembro contará com mais de 70 atrações. Entre os confirmados estão Dona Onete, Martinho da Vila, Jorge Aragão e Viviane Batidão. Os shows acontecem de 12 a 14 de dezembro, divididos entre a cidade velha e o estádio Mangueirão.

O festival aposta na descentralização cultural como estratégia de negócio — revelando talentos amazônicos e ampliando o mapa da música brasileira para além do eixo Sul-Sudeste.
Para Dav Maia, do grupo de carimbó Toró Açu, que tem raízes no Quilombo do Abacatal, participar do evento representa “novos voos e uma chance de elevar nossa cultura”, além de “levar o nome da nossa comunidade” para visibilidade nacional.

Modelo sustentável vs. extração tradicional

Diferente de grandes festivais que concentram lucros em poucas mãos, o Psica estruturou um modelo de distribuição de renda. A curadoria prioriza artistas locais, integra empreendedores periféricos e facilita a transição para o mercado formal.

A empreendedora Juci D’Oyá, que participa desde a primeira edição vendendo quitutes baianos, exemplifica o impacto: “O rendimento que obtenho durante o festival sempre faz muita diferença. Além de poder pagar melhor a minha equipe, consigo organizar minhas finanças de fim de ano. É como se fosse nosso décimo terceiro.”

O potencial amazônico além da floresta

O Psica comprova que a Amazônia oferece oportunidades econômicas para além do extrativismo tradicional. O festival transforma saber popular, arte e identidade cultural em renda distribuída — um modelo que outras regiões periféricas podem replicar.

Ao conectar cultura local com demanda nacional, o evento demonstra como a economia criativa pode ser ferramenta de desenvolvimento regional sustentável, gerando valor sem explorar recursos naturais.

Foto: @leticiasantosfoto

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