Trabalhador da periferia puxa Brasil ao menor desemprego em 13 anos

O Brasil chegou à menor taxa de desemprego desde que o IBGE começou a medir os dados de forma sistemática em 2012. Entre setembro de 2024 e agosto de 2025, o desemprego caiu de 6,4% para 5,6%. Mais de 103 milhões de brasileiros estão trabalhando.

O avanço foi puxado por dois setores que tradicionalmente empregam mais gente da periferia: serviços e construção civil.

Serviços abre 929 mil vagas com carteira

O setor de serviços gerou 929.000 empregos formais em 2024. São postos em comércio, alimentação, transporte, limpeza e segurança. Trabalhos que garantem carteira assinada, FGTS, férias e 13º salário.

A construção civil criou 110.921 vagas formais no mesmo período. O setor está aquecido com obras do Novo PAC e falta gente qualificada para trabalhar.

No total, 38,7 milhões de brasileiros têm carteira assinada hoje. A informalidade caiu de 38,8% para 37,8%, mas ainda atinge 39 milhões de trabalhadores.

Salário sobe, mas mercado come o ganho

O salário médio do trabalhador subiu de R$ 3.227 para R$ 3.477 no período. Um aumento de 7,7% descontando a inflação.

Mas tem um problema: a inflação bateu em 5,13% nos últimos 12 meses. E pior: alimentos subiram 7,62% em 2024. Como quem ganha menos gasta mais com comida, o aumento salarial derrete rápido no supermercado.

A massa total de salários na economia chegou a R$ 351,2 bilhões no segundo trimestre de 2025. Mais dinheiro circulando, mas com menos poder de compra.

Nordeste e negros ficam para trás

O emprego melhorou em todo Brasil, mas a desigualdade continua gritante.

A taxa de desemprego no Nordeste ficou em 9,0% em 2024, enquanto o Sul registrou 4,2%. Pernambuco bateu 10,4% e Santa Catarina apenas 2,2%. A diferença entre as regiões chega a 6,8 pontos percentuais.

Entre mulheres, o desemprego foi de 8,7% contra 5,7% dos homens. Uma diferença de 3 pontos que afeta milhões de mães chefes de família.

Negros enfrentaram 8,4% de desemprego, enquanto brancos ficaram em 5,6%. Diferença de 2,8 pontos que mostra como raça e classe social andam juntas no Brasil.

Jovens de 18 a 24 anos continuam os mais prejudicados: 14,9% de desemprego, quase três vezes a média nacional.

O que vem por aí

Com a Selic a 15%, o Banco Central está pisando no freio da economia para segurar a inflação. Os efeitos costumam demorar de 6 a 18 meses para aparecer no emprego.

Economistas esperam que 2025 e 2026 sejam mais difíceis para criar vagas. Mas os investimentos do governo em infraestrutura podem segurar parte dos empregos na construção civil.

Por enquanto, o trabalhador brasileiro vive o melhor momento em 13 anos. O desafio é manter os ganhos quando os juros altos começarem a apertar de verdade.

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